Paris, Texas

     Gilberto B. da Cunha
       Psicólogo CRP 07/21456

    Paris, Texas é um filme, um filme cult. Não vem ao caso o nome do diretor, um alemão. Dois ou três atores eram famosos, mas sumiram. Ficou o filme como um grande sucesso para os cinéfilos exigentes. Assisti esse filme num antigo cinema, três vezes. O cinema também fechou, como tantos na cidade. A temática me tocou e eu me identifiquei com o personagem principal. Eu e ele éramos parecidos, pelo menos na questão de buscar um lugar no meio deserto. Algo comum aos que sentem solidão.

    Depois de viver uma paixão e ser abandonado, ele resolve enveredar-se pelo deserto do Texas em direção a uma longínqua localidade chamada Paris. Esse lugar existe realmente, consultei no mapa, na época. A família preocupa com irmão, que virara andarilho, o buscam desesperadamente pelos caminhos ensolarados do interior do Texas. Eles o encontram! Está reduzido à farrapo humano. Um depenado humano.

    Ainda penso no que uma paixão não correspondida pode fazer com o ser humano. Ele, apaixonado pela moça, largara tudo para viver uma esperança amorosa com ela. Ela o largou para viver de um emprego a beira da estrada, foi uma desventura do ocaso. Ela, num encontro único, admitiu que o amou, mas a sua alma pertencia ao mundo, aos bares e a busca de algo que nunca encontrou em seu coração.

    Naturalmente, não lembro como terminou o filme. Se não me falha a memória ele retorna para Los Angeles, retoma o seu emprego, brinca com o filho numa dos lugares lindos da cidade, mas nunca mais consegue sorrir, não como antes. Mas, ainda me comove aquele personagem que anda pelo deserto buscando a cura para a sua alma ferida. Não pela mesma razão, mas eu me sinto fortemente atraído pela estrada. Especialmente com a sensação que a felicidade está sempre a quilômetros de onde estou, lá no horizonte onde o sol se esconde atrás das montanhas. A estrada, o deserto, a solidão e caminhar sem destino me cativam...

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