Paris, Texas
Paris, Texas é um filme, um filme
cult. Não vem ao caso o nome do diretor, um alemão. Dois ou três atores eram
famosos, mas sumiram. Ficou o filme como um grande sucesso para os cinéfilos
exigentes. Assisti esse filme num antigo cinema, três vezes. O cinema também fechou,
como tantos na cidade. A temática me tocou e eu me identifiquei com o
personagem principal. Eu e ele éramos parecidos, pelo menos na questão de
buscar um lugar no meio deserto. Algo comum aos que sentem solidão.
Depois de viver uma paixão e ser
abandonado, ele resolve enveredar-se pelo deserto do Texas em direção a uma
longínqua localidade chamada Paris. Esse lugar existe realmente, consultei no
mapa, na época. A família preocupa com irmão, que virara andarilho, o buscam
desesperadamente pelos caminhos ensolarados do interior do Texas. Eles o
encontram! Está reduzido à farrapo humano. Um depenado humano.
Ainda penso no que uma paixão não
correspondida pode fazer com o ser humano. Ele, apaixonado pela moça, largara
tudo para viver uma esperança amorosa com ela. Ela o largou para viver de um
emprego a beira da estrada, foi uma desventura do ocaso. Ela, num encontro
único, admitiu que o amou, mas a sua alma pertencia ao mundo, aos bares e a
busca de algo que nunca encontrou em seu coração.
Naturalmente, não lembro como
terminou o filme. Se não me falha a memória ele retorna para Los Angeles,
retoma o seu emprego, brinca com o filho numa dos lugares lindos da cidade, mas
nunca mais consegue sorrir, não como antes. Mas, ainda me comove aquele
personagem que anda pelo deserto buscando a cura para a sua alma ferida. Não
pela mesma razão, mas eu me sinto fortemente atraído pela estrada.
Especialmente com a sensação que a felicidade está sempre a quilômetros de onde
estou, lá no horizonte onde o sol se esconde atrás das montanhas. A estrada, o
deserto, a solidão e caminhar sem destino me cativam...
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