A quem abraçar primeiro?

     Gilberto B. da Cunha 
      Psicólogo CRP 07/21456

    Fomos criados no mesmo lugar e na mesma época. Dividimos as nossas infâncias e adolescências. Fomos dóceis, serenos e depois fizemos a experiência da rebeldia. Agora andamos conversando sobre a paternidade, a dele. Tem dois filhos, um de 12 e outro de 14. E, segundo ele, o tempo está difícil. Tornou-se um bom profissional, tem um bom emprego, mas nenhuma garantia que a vida continuará assim. Sobre a paternidade ele tem seus trabalhos, são dois meninos exigentes, “bons garotos”, ele afirma. Mas, a demanda é grande. E sobre isso é que falávamos esses dias.
    O meu filho de 14 anos quer jogar futebol, frequenta uma boa escola onde aprende os macetes do esporte. Parece-me que tem jeito para ser goleiro. O meu filho de 12 anos segue os passos do irmão, também gosta de esportes, mas não tem o mesmo entusiasmo do irmão. É menos dedicado, mas tem jeito. Eu e a minha esposa trabalhamos muito pelos meninos, nós os queremos felizes. Não deixamos de cultivar a nossa relação, mas muito do nosso tempo é dedicado aos meninos.
    Sabe, ele me dizia, preocupado, cuido muito para eles entendam que amamos os dois e que damos a medida igual dos nossos afetos. Sabemos que às vezes um precisa mais atenção, às vezes é o outro que precisa. E tentando distribuir as minhas ternuras de maneira equivalente. Para que eles entendam isso, quando chego do trabalho, às vezes eu abraço primeiro um e depois o outro e no dia seguinte eu troco. Faço isso para que fique claro que não há preferência.
    Mas, tem vezes que vivemos experiências tênues. Dias desses o professor fez elogios a um deles e nenhum elogio ao outro. Ficamos, eu a mãe dele, numa situação complicada. Na verdade, tentamos distribuir as coisas de para que sejam reconhecidas as habilidades em ambos. Lidar com esses elogios e com essas diferenças tem nos preocupado. Por outro lado, sabemos que eles mesmos terão de trabalhar as individualidades e os seus talentos.
    Eu tento ser um bom pai para os meus dois filhos. Eu sinto que sou observado o tempo todo, pelos dois. Então procuro agir para que eles se sintam seguros de que são amados em medidas justas. Não tem sido fácil, mas quando olhos para eles eu sei que todo o sacrifício valerá a pena. E não existe nada que me deixa mais contente do que ver os meus filhos felizes. Porém, não faço todas as vontades deles, há disciplina e limites.
    Escutei com atenção o meu amigo de infância, agora um homem muito preocupado com a sua tarefa de pai. Não deve ser fácil...


Nenhum comentário:

Imagens de tema por Storman