Quando o coração se inquieta...

     Gilberto B. da Cunha 
       Psicólogo CRP 07/21456 

    João Pedro era um dos meus amigos de infância, seus avós tinham vindo da Alemanha para o Brasil. Mantiveram na família o idioma e muitos outros costumes da Europa. Eram interessantes as conversas com João Pedro. Ele tinha um sonho, conhecer a Europa. Laércio era outro colega de infância, a sua descendência italiana se espalhava pelos gestos exagerados e pela sua alegria contagiante, seus pais eram donos do minimercado do bairro. Ele queria conhecer a Itália, lugar onde tinha seus parentes.
    Cézar morava um pouco distante, mas era o nosso colega de escola, da mesma turma. Seus pais vieram da Holanda e contavam muitas histórias daquele pais, que eles diziam ser o paraíso na terra. Marcos, o pai dele era advogado, um homem sério e prático, tínhamos medo dele. Eles vieram da Espanha para o Brasil e cultivavam muitos costumes daquele país.
    Quando nos reuníamos falávamos dos continentes, a Europa era instigante e a história da guerra era sempre um dos assuntos. Mas, falávamos de outros lugares como o Quênia, pelo qual o General Inglês Baden-Powell tinha muito carinho e os Estados Unidos sempre entrava na pauta por causa da NASA e dos astronautas. Passávamos muito tempo percorrendo os lugares do mundo e sonhávamos que um dia viajaríamos pelo mundo e conheceríamos algum desses lugares.
    Depois de muitos anos e de muitas luas, olhando para o tempo da infância, descubro que alguns se aventuraram pela Europa e outros mudaram para os Estados Unidos. Certamente as nossas conversas ajudaram a preparar o espírito e eles alçaram voos distantes. Alguns retornaram, mas outros nunca mais soubemos notícias. A vida é assim, tem um tempo que o nosso coração se inquieta e rumamos para os lugares mais distantes, às vezes por um tempo e outras vezes para sempre.


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