Família estranha...

Gilberto B. da Cunha 
psicólogo CRP 07/21456

    Gostamos de ver quando nos filmes aparecem personagens estranhos. Sabe aquele tipo de pessoa que desperta a nossa atenção, e nos perguntamos o que há com aquela pessoa? Elas sempre são alvo dos nossos pensamentos e acabam criando expectativas, temos curiosidade de saber o que se esconde no passado dela. Há muitos filmes que seguem esse enredo. Mas na vida real também existem esse tipo de pessoa.

    Na minha infância, próximo da casa de meus avós, havia uma família estranha, não eram brasileiros, tinha vindo da Europa. O homem era muito alto, sempre com um boné escuro na cabeça, usava umas botas que não eram daqui e calças longas com cintos com fivela prateada. A mulher também usava roupas incomuns, geralmente combinava as três cores verde, vermelho e bege. Tinha os olhos claros, um azul penetrante. Mas, de uma beleza indescritível. Com eles morava um menino loiro e com cabelos desalinhados. Era muito esperto e ao contrário dos meninos da rua, não gostava de futebol, mas adorava livros.

    Tempos depois eles mudaram, nunca mais soubemos deles. Não obstante ao lado estranho, eles eram pessoas muito simpáticas e falavam um idioma que não podíamos identificar. Correu conversa no bairro que eles eram fugitivos de algum país comunista da Europa. Entre nós havia uma conversa que eles eram nazistas e que estavam fugindo para lugares distantes, para não serem presos. E muitas outras histórias falavam dessa família que nunca fez nada de errado, a não ser o comportamento estranho que tinham.

    Fico pensando quem eles eram e de lugares vieram e por que mudaram sem criarem vínculos no lugar. São perguntas que ainda me faço, mas que não haverá resposta. Havia um outro senhor, eu o conheci noutra cidade, que também era muito estranho, chamava-se Dr. Augusto. Mas, essa é outra história, para um outro texto...

 

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