Escrever é necessário...

    Gilberto B. da Cunha
    Psicólogo CRP 07/21456

    Até mesmo escrever cansa. As palavras podem se tornar tacanhas ou nos enfara os olhos. Ler e ficar enfarado é ruim, hein. Escreve-se muito. Lê-se pouco, quase nada. Quem aguenta ler tanto? Um pouco de letras já entedia. Letras e letteras já não são mais as mesmas, cansam. Ah, donde tirar tantas palavras, vocábulos e sentenças? Recorre-se aos sinônimos, isso para poder dizer ideias e sentimentos. E já não dizemos o que queríamos dizer. Shit, diria o mais sofisticado dos ingleses.
    Ando pensando em parar de escrever, mas não deixar de escrever. Eu acho que não poderia parar de escrever. Ah, mas como me sentir mais, um pouco mais feliz em escrever? Muitas palavras, palavras demais. Sentimentos à flor da pele e não há palavras que os comportam. Palavras, words, parole, mots… É demais! São letras sobre letras. Como se tem produzido textos, demais.
    Sentam-se em frente ao computador milhões de pessoas, escrevem sobre a vida, precisam escrever (vejo-me aqui, nesse lugar). Escritos poéticos, contos, crônicas e até, pasmem, banalidades. Inventam assuntos para escrever, escrevem o que podem e não podem, desde que se escreva. Escrever é necessário e se não é necessário, escreva-se.
    Eu?!!!... Com pontos e reticências escrevo sem parar! Afinal, quando a boca não fala as palavras surgem pelas pontas dos dedos. Eu e meus dedos que não param de escrever palavras e palavras, sem elas eu não suportaria guardar todas as linhas que existem em minha alma. Alma? Um amigo me disse que não existe, o que existe são desejos e vontades e que precisam ser transformadas em palavras ou em atos fatais.
    Cá estou, ávido por novas palavras para traduzir sentimentos que sobrevoam os meus sonhos. Sou um avarento por palavras, sem elas tornar-me-ia apenas um homem desmilinguido, alquebrado, debilitado, à beira da morte.

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