O menino, o balão e o alfinete...

    Gilberto B. da Cunha 
    Psicólogo CRP 07/21456 

    Eu queria inventar uma história, seria a minha estreia no cinema. Aos onze anos eu queria ser um cineasta. Um dia, eu inventei uma história para o meu primeiro filme. Era uma história de terror e de medo. Estava tudo na minha cabeça, quando eu comecei a escrever...
    Era uma cidadezinha com pouquíssimos moradores, todos eles eram fantasmas e viviam quase sempre escondidos em suas casas. À noite, eles costumavam invadir as ruas. Entre esses habitantes existia um menino esquisito, um menino maluco e que tinha o desejo de explodir a cidade, sonhava com isso.
    Certa vez, por acaso, parou nas mãos do menino um balão e dentro dele um veneno mortal, bastava um descuido e o gás nervoso provocaria uma tragédia, a substância química que havia dentro do balão era mortal. Mas, como esse balão parou nas mãos do menino não se sabe, coisas do filme. A cena mais terrível era o menino carregando numa de suas mãos o balão e na outra um alfinete.
    A cidade estava à deriva do menino, bastava um toque do alfinete e puf, o veneno se espalharia e mataria as pessoas, o gás era 500 vezes mais tóxico do que o cianeto de hidrogênio. O gás não precisava ser inalado para ser eficaz. Quando o menino apareceu nas ruas da cidade, as pessoas começaram a rezar e a chorar para que a mão do menino não tocasse o balão.  Se isso acontecesse seria o fim da cidade.
    Mas, eu não lembro se cheguei a terminar o filme, não lembro da última cena. Hoje, depois de tanto tempo, eu penso que há muitos meninos com alfinetes numa das mãos e com balões na outra. E sempre haverá uma cidade assombrada com pessoas apavoradas pelo medo que um menino estoure o balão, espalhando o gás venenoso pelos ares. Então, nesse dia, haverá muitas convulsões e sufocamentos que levarão à morte...
    Preciso procurar nas gavetas da minha memória o script desse filme, só para saber como terminou a história.
 

Nenhum comentário:

Imagens de tema por Storman